AAPA Latam debate os impactos da economia no setor portuário

Por A Tribuna: 14 de maio de 2025 às 09:02

Congresso Latino-Americano de Portos será realizado entre os dias 24 e 27 de junho, em Lima, no Peru

Os impactos da economia global na demanda do setor marítimo-portuário serão um dos principais temas das conferências do Congresso LatinoAmericano de Portos, promovido pela Associação Americana de Autoridades Portuárias (AAPA) entre os dias 24 e 27 de junho, em Lima, no Peru. O chamado AAPA Latam é o evento mais importante do setor na América Latina. As inscrições podem ser feitas neste link.

O evento contará com uma agenda de conferências, abordando desde as questões globais até as mais específicas, sempre de interesse dos envolvidos no setor. Entre os assuntos estão casos de sucesso em sustentabilidade e descarbonização nas operações portuárias, desafios em automação e tecnologia, a perspectiva para os principais geradores de carga, e inovação e resiliência para terminais de contêineres e granéis. Além disso, a programação prevê passeios por dois principais centros de infraestrutura do Peru: o Porto de Callao e o novo Porto de Chancay. Soma-se ao evento uma área de expositores de todo o mundo.

Para Juan Carlos Paz Cárdenas, presidente do Conselho de Administração da Autoridade Portuária Nacional do Peru e membro do Conselho de Administração da AAPA Latam, 2024 foi um ano importante para o desenvolvimento portuário no Peru. “A inauguração do Terminal Portuário Multiuso de Chancay representará um marco na conectividade com a Ásia, permitindo rotas diretas para Xangai em apenas 23 dias. Da mesma forma, o Píer Bicentenário de Callao, com 1.050 metros de comprimento e totalmente eletrificado, reforça a capacidade operacional do porto mais importante do país. Isso se soma aos novos investimentos em Chancay e Callao, bem como em portos regionais, marítimos e fluviais”, observa.

Ele diz que esse crescimento fortaleceu a competitividade do Peru no comércio global, com exportações superiores a US$ 74 bilhões, dos quais US$ 12,7 bilhões correspondem às exportações agrícolas. “Nos posicionamos como líderes em produtos como mirtilos e uvas, e entre os principais exportadores de abacates e mangas. Além disso, somos o sétimo país em volume de trânsito pelo Canal do Panamá”, enfatiza.

Cárdenas afirma que essas conquistas fizeram do Peru um ator-chave em logística e comércio internacional, tornando a escolha de Lima como sede do Congresso AAPA Latam 2025 uma oportunidade estratégica para mostrar o crescimento e liderança no setor portuário. Quanto a como os países latino-americanos podem se posicionar em uma realidade desafiadora, em termos de geopolítica e comércio global, ele reconhece que a incerteza é uma constante na história e cada país deve definir estratégias claras para transformar desafios em oportunidades.

Enfatiza que, nos últimos anos, o Peru fortaleceu sua integração comercial por meio de 23 Acordos de Livre Comércio (ALCs) com as principais economias do mundo, incluindo Estados Unidos, China e União Europeia.

“Nosso modelo portuário é referência na região, com investimentos de 18 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Espanha, México, Holanda, Turquia, Emirados Árabes Unidos, China e Austrália. Nossa política de concessões tem sido bem-sucedida, com oito concessões já outorgadas, uma nona em processo de assinatura”, explica.

Para o diretor administrativo da Drewry, Dinesh Sharma, houve mudanças em como a questão geopolítica e comercial global afeta a indústria portuária e de transporte marítimo. “De um mundo de relativa previsibilidade para um onde, primeiro, o risco geopolítico é alto e, segundo, a competição geopolítica é intensa. A política comercial está caminhando para um crescente campo de batalha competitivo. Isso também está levando a uma forte fragmentação entre esses concorrentes e os blocos econômicos.”

Dinesh Sharma destaca que a América Latina tem visto um forte crescimento no tráfego portuário nos últimos anos. “Comparado aos níveis de janeiro de 2019, esse crescimento foi de 30%. Além disso, a taxa média de crescimento em 12 meses atingiu 11,1% em dezembro passado, quase o dobro da média global de 6,1%”, afirma.

Falando especificamente no Peru, nos últimos dois anos, o tráfego nos portos mais importantes, como o de Callao, aumentou em até 25%, e em outros casos, como o Terminal Portuário de Paracas, essa porcentagem quadruplicou. “Esse crescimento é principalmente reflexo dos investimentos em infraestrutura e equipamentos, que levam tanto ao aumento da capacidade quanto à melhoria da eficiência”, alerta.

Ele entende que, na América Latina, os investimentos em infraestrutura logística são extremamente importantes para responder ao crescimento da região. “Desafios tanto de uma perspectiva geográfica e demográfica, quanto de receitas de exportação, especialmente de commodities e perecíveis, onde os custos logísticos e a relação tempo-eficiência são componentes-chave da competitividade”, insiste.

Sharma destaca a importância de mais da metade dos 7 milhões de TEU de capacidade adicional planejada para os próximos cinco anos ao longo da Costa Oeste da América Latina, do México ao Chile, estarem no Peru.