Tarifa dos EUA ameaça setor salineiro no Brasil, alerta SIESAL-RN

Por Be News: 16 de julho de 2025 às 15:40

Setor alerta para perda de 4 mil empregos, risco à operação do Porto Ilha e dependência externa do produto

A indústria salineira do Rio Grande do Norte pode ser atingida negativamente pela taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações de produtos brasileiros. A medida, anunciada na última quarta-feira (9/7) pelo presidente norte-americano Donald Trump, entra em vigor no dia 1º de agosto e foi formalizada em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o Sindicato da Indústria da Extração do Sal do Estado do Rio Grande do Norte (SIESAL-RN), a nova tarifa deve praticamente excluir o sal nacional do mercado americano. O estado é responsável por 98% da produção brasileira de sal e, portanto, será o mais impactado. “O sal é estratégico e a derrocada da indústria salineira jogará o Brasil na dependência da importação”, afirma a nota técnica divulgada pelo sindicato na segunda-feira (14/7).

O impacto atinge diretamente cerca de 4 mil empregos em municípios do semiárido potiguar, além de postos nas cadeias de venda, distribuição e transporte. A medida também compromete a viabilidade da operação do Terminal Salineiro de Areia Branca, o Porto Ilha, que movimenta exclusivamente sal.

De acordo com o presidente do SIESAL-RN, Airton Torres, os EUA representam quase metade dos negócios internacionais do setor. “Os Estados Unidos são, notadamente, o maior importador de sal do mercado atingível pelo produto sal brasileiro, com participação de 27% dos embarques”, informa.

Ele acrescenta que os EUA consomem cerca de 50 milhões de toneladas de sal por ano, sendo 16 milhões importadas. “A título de informação, o mercado brasileiro consome por ano cerca de 7 milhões de toneladas”, compara.

Cerca de 58% do sal embarcado pelo Porto Ilha é destinado ao exterior e 27% do total tem como destino os EUA, o equivalente a 530 mil toneladas por ano. O sindicato também destaca que a nova tarifa coloca o Brasil em desvantagem frente a concorrentes como Chile, Egito, Namíbia e México, que enfrentam tarifas mais baixas do governo americano.

Com relação à busca por novos mercados, o cenário também é desfavorável, segundo Torres. “Trata-se de produto com vendas regionalizadas e não globais, como é o caso de outras commodities. Logo, não há alternativas que possam receber o volume de sal brasileiro que deixará de ser enviado aos Estados Unidos.”

Ele aponta que o mercado asiático é economicamente inviável devido aos altos custos logísticos. Já a Europa, apesar de importar parte do que consome, supre sua demanda com sal do Norte da África e do Oriente Médio, o que também limita o acesso da produção potiguar.