Especialistas dizem que chegada da IA no Porto de Santos não traz risco a trabalhadores

Ferramentas e equipamentos não substituem a criatividade do ser humano; especialistas acreditam na agregação de valores

Por A Tribuna – 04/02/2024 – 09h51

Em meio a um cenário positivo de desenvolvimento pelas empresas, a inteligência artificial (IA) causa temor em muitos profissionais diante da automatização de tarefas, que antes eram realizadas por humanos. Estudo da McKinsey divulgado em 2017 advertiu que a IA ameaça 50% dos empregos nos Estados Unidos e Europa. Nos mercados emergentes, poderá colocar em risco 70% das posições de trabalho.

No entanto, há quem acredite nos benefícios da agregação de valor em atividades onde o fator humano é essencial. “Há visões otimistas e outras mais conservadoras. Sob a primeira ótica, por exemplo, alega-se que o uso de robôs autônomos em armazéns elimina o trabalho repetitivo e monótono, que conduz à fadiga física e mental, com danos à saúde do trabalhador.

Por outro lado, o funcionário poderia ser realocado para tarefas mais nobres e desafiadoras”, disse o coordenador do curso superior de Tecnologia em Logística da Fatec, Antonio Fernando Degobbi, que desde 2015 atua como consultor em supply chain.

A observação é corroborada pelo diretor de TI da Santos Brasil, Ricardo Miranda. Para ele, mesmo com o uso maior da tecnologia, o trabalho continua existindo, pois o ser humano é o único dotado de criatividade e sensibilidade. “Antigamente, falávamos dos impactos no trabalho com o fim das atividades repetitivas, braçais ou de pouco valor agregado. O impacto da tecnologia está bem mais ampliado, com robotização, aprendizado de máquina, predição, discernimento para decisões e geração de conteúdo. Mas, tecnologia é sempre ferramenta de trabalho – cada vez mais abrangente e poderosa”.

De toda forma, reitera Degobi, a IA atualmente utilizada é considerada específica ou fraca, pois realiza tarefas intrínsecas em certas áreas do negócio. Ou seja, ainda requer o ser humano fazendo um refinamento das informações obtidas ou mesmo eliminando vieses do programa.

“Parece que ainda estamos longe de ter uma IA geral ou superinteligência, pois um dos principais obstáculos é o custo de desenvolvimento e implantação de máquinas com capacidade de processar dados que superam mais de um trilhão de variáveis. Não menos importante, seriam os impactos econômicos, sociais e éticos, como já apontado anteriormente”.

Para o consultor, a certeza que se tem é a de que entidades governamentais, lideranças formadores de opinião, especialistas, acadêmicos, profissionais de diversos setores ou áreas, ou seja, os principais stakeholders, devem se reunir para discutir como será a convivência do homem com a máquina em constante evolução, pesando os prós e os contras.

“A incerteza é o quanto isso é importante na agenda presente das pessoas, na medida em que, até agora, a tecnologia tem se mostrado como uma ‘bicicleta para a mente’”.